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E quando o assunto é conto... Sede!

Posted by Evanilson Alves dos Santos terça-feira, 20 de março de 2012 0 comentários

Sede de estar assim. Sede de estar do lado, em baixo, por todos os cantos. Sede desse barco que navega sem rumo e que dá vontade mesmo é de beber o mar.
Sede da sede. Sede de deixar-se beber, de olhar e sentir, e sentir olhando e olhar sentindo e sentir mais e mais sede. Sede do toque, do aperto, do afago, do riso, do cheiro... do cheiro que dá sede de beber todos os sentidos que o corpo pode ter.
Sede dessa água de beber (poeta, poetinha) que transborda daquele olhar. Sede.

!

Involuntariamente a morena se arrumou mais do que o normal. Aquela fragrância chegava nos vizinhos. Era seu perfume. O cheiro que ele dizia gostar...
Usou os enfeites mais bonitos, penteou os cabelos cuidadosamente, e saiu com "borboletas na barriga".
Enquanto a boemia da noite a envolvia, ela esperava aquele moço que lhe arrancava todos os olhares. As cervejas, os sorrisos, a fumaça dos cigarros, a música, o charme das moças e dos rapazes, os flertes. Ela estava em casa, mas esperava por ele mesmo diante dos olhares sedutores. Ela nunca se vira assim. Nunca se sentira assim.
Enquanto distraída, mexia nos longos cachos, surge uma voz no seu ouvido: "Eu sabia que você estaria aqui."
Sentiu um nervosismo, uma felicidade, uma fragilidade, nem saberia explicar. Virou sorrindo com os olhos e com a alma. Olhou pro seus lábios, e nem precisou falar para que ele interpretasse a mensagem. Ela provou daquele beijo como se nunca mais pudesse saborear outro, se enxarcaram de desejo... Se perderam ali e se acharam um no outro. Sairam dali com o cheiro da boemia, e a vontade de absorver um ao outro.
No apartamento dele cada detalhe ficava em sua mente, o cheiro, a sombra dos objetos, a sombra dele ajeitando a sua intrínseca bagunça, apagando as luzes mais fortes, deixando as mais suaves, servindo vinho. E um beijo chegava em seu pescoço cada vez que ele passava por ela. Ele dizia não resistir ao pescoço semi-coberto pelos cachos da morena, que os deixava assim propositalmente. Se entregaram como nunca antes. Se embebedaram de luxúria, se alimentaram de desejo, e se excederam um do outro. Conheceram a geografia dos seus corpos. Conheceram todas as esquinas, caminharam por todas a scurvas, ultrapassaram fronteiras.
Se conheceram com as mãos, com os lábios, se conheceram com todos os toques, se enlaçaram, se perderam, e se encontraram. Ouviam a mesma melodia, estavam nas mesmas notas. Arranhões, sussurros, puxões, mordidas, e todas as formas que o corpo pudesse gritar sem a voz. De todas as formas se entregaram, de todas as formas tiveram um ao outro.
As primeiras frestas de luz do sol podiam detalhar a intensidade daquela entrega... Cada canto da casa havia uma peça de roupa, as garrafas de vinhos secas, os copos no chão. E aqueles dois corpos ali, abraçados, deitados no meio da sala, estáticos. Pensando, sonhando. Quem gritava agora não eram seus corpos, eram seus corações. Tocavam batidas fortes e sincronizadas canções Buarquinas, canções boêmias.

By Pedreira

 O Portal da Favela.

 

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